Ana Lins e Bárbara de Alencar, na Confederação do Equador
Alagoana, uma senhora de engenho adepta da liberdade, Ana Lins se
engajou nas lutas republicanas de 1817 e 1824, arregimentando escravos e
garantindo a sua libertação. Derrotada a Confederação do Equador, não
se entregou, lutando até não dispor mais de nenhuma munição. Bárbara de
Alencar, foi a heroína da Confederação no estado do Ceará. Chamada de
“infame culpada” pelos monarquistas, redimiu-a o poeta Caetano Ximenes,
dizendo: “Bárbara aprofundou seus passos no território livre do seu
povo”. E ela, sertaneja, se tornou “Iansã, deusa dos ventos, orixá dos
pescadores”.
Nas lutas operárias, o vigor e o perfume de uma Rosa
Numa fase em que as meninas brincam com suas bonecas, Rosa
Bittencourt já era operária no Rio de Janeiro. Aos sete anos, selava
carretéis, aos dez passou para o setor de fiação. Rosa observava as
trabalhadoras adolescentes serem molestadas sexualmente pelos chefes e
ficava revoltada. Aos doze anos, chegou o seu dia. Um contramestre
tentou aproveitar-se dela e recebeu como resposta uma bordoada com um
rolo de ferro que estava ao alcance da mão. Ganhou a admiração das
mulheres operárias, que fizeram várias manifestações de protesto contra a
sua demissão e a garota voltou a trabalhar
na mesma fábrica. Era o ano de 1903. Daí em diante, todas as lutas
contaram com a participação da valente obreira: pela jornada de oito
horas, pelo almoço, por melhores salários e condições de trabalho, na
linha de frente das greves de 1919 e 1920. Demissões e prisões foram uma
constante, mas Rosa nunca recuou. Quando nenhuma fábrica a aceitou
mais, passou a viver de biscates e distribuir boletins de porta em
porta, conversando, conscientizando os trabalhadores, especialmente as
mulheres. Palavras dessa lutadora: “Cada rua é um jardim, cada porta um
canteiro, cada material que eu entrego representa as flores que colho
para enfeitar o meu peito cardíaco”.
Abaixo a ditadura do Estado Novo. Viva o Socialismo!
Laura Brandão era participante ativa da Aliança Nacional Libertadora.
Poetisa, preferia estar com as setenta operárias que integravam a Ala
Feminina da ANL no Rio de Janeiro. Com suas poesias revolucionárias,
animava e comovia os trabalhadores na Praça Mauá e no Cais do Porto. A
ditadura do Estado Novo (Vargas) expulsou-a do Brasil. Laura foi para
Moscou, onde deixou suas últimas poesias e morreu de armas na mão
defendendo a capital do socialismo da sanha nazista dos invasores
alemães na Segunda Guerra Mundial.
Nas Ligas Camponesas
Muitas mulheres integraram e tiveram
importantes funções nas Ligas Camponesas.13,8% dos líderes eram
mulheres, entre as quais Maria Celeste, Maria Aquino e as duas que
citamos nessa homenagem.
Viúva de João Pedro Teixeira, dirigente da famosa Liga de Sapé (PB), assassinado a mando dos latifundiários em 1962, Elizabete Teixeira ficou com onze filhos para criar, mas não se acomodou. Assumiu o posto do companheiro morto e percorreu o Brasil inteiro, divulgando a proposta das Ligas, defendendo a Reforma Agrária, denunciando a impunidade dos assassinos. Com o golpe militar de 1964, Elizabete passou a viver na clandestinidade, até a anistia decretada em 1979.
Viúva de João Pedro Teixeira, dirigente da famosa Liga de Sapé (PB), assassinado a mando dos latifundiários em 1962, Elizabete Teixeira ficou com onze filhos para criar, mas não se acomodou. Assumiu o posto do companheiro morto e percorreu o Brasil inteiro, divulgando a proposta das Ligas, defendendo a Reforma Agrária, denunciando a impunidade dos assassinos. Com o golpe militar de 1964, Elizabete passou a viver na clandestinidade, até a anistia decretada em 1979.
Anatália de Sousa Alves de Melo
Potiguar, de Mossoró, mudou-se para
Pernambuco e atuou politicamente junto às Ligas Camponesas. Era admirada
pelo seu espírito de solidariedade e companheirismo. Depois do golpe
militar aderiu à esquerda revolucionária, integrando o PCBR. Presa em
dezembro de 1972, não resistiu às torturas. Morreu no dia 13 de janeiro
de 1973.
Helenira Rezende na luta contra a ditadura militar.
Quantas deram a vida. Sua juventude.
Exemplo e memória. Para simbolizá-las, Helenira Rezende de Sousa
Nazareth, que nasceu em 19 de janeiro de 1944 em César Cerqueira (SP).
Lenira, Preta, Nira. Participou do Movimento Estudantil, de 1967 a 1970,
foi dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Presa no
Congresso de Ibiúna, foi solta por meio de ha-beas-corpus, pouco antes
da edição do Ato Institucional n.º 5 (AI-5). Militante do PCdoB, passou a
viver na clandestinidade e foi para o Araguaia, viver e lutar como
camponesa. Pegou em armas junto com os companheiros para defender-se dos
ataques do Exército. No dia 29 de setembro de 1972, numa emboscada,
recebeu uma rajada de metralhadora nas pernas. Caída e se esvaindo em
sangue, revidou o ataque, matando um soldado e ferindo outro. Presa,
gritou: “os companheiros me vingarão”. Foi assassinada friamente no
local a golpes de baioneta e ali mesmo enterrada. Sua legendária bravura
permanece viva, como seu sangue que tingiu de vermelho as águas do
Araguaia.
Seguindo seus passos
Estrelas-guias do amanhã. Seu brilho
clareia o Brasil, a América Latina, o mundo inteiro. Unidos na luta, de
mãos dadas, trilharemos o caminho iluminado por vocês, revolucionárias
de ontem, de hoje e de amanhã.
Movimento de Mulheres Olga Benário
(Publicado no Jornal A Verdade, nº 26, março 2002)
(Publicado no Jornal A Verdade, nº 26, março 2002)
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