As universidades,
instituições criadas no século XIII
proibiam a participação das mulheres, o acesso ao ensino superior era, então,
um privilégio masculino. No Brasil, o ensino superior feminino só teve inicio
no final do século XIX, e a participação expressiva das mulheres no ensino
universitário no país começou na década de 70 com a expansão das universidades,
que só foi possível com o ingresso da mulheres nas universidades. O direito à
educação e acesso ao ensino superior foi uma longa batalha, vencida depois de
muito tempo e de muita dificuldade enfrentada por mulheres organizadas para
lutar por seus direitos. Atualmente, os desafios são outros.
Segundo o Censo 2010 do
Ensino Superior do Ministério da Educação, o Brasil tem 6,5 milhões de
universitários, sendo 6,3 milhões em cursos de graduação e 173 mil na
pós-graduação, 29.507 estão matriculados em cursos de graduação presenciais e a
distância, distribuídos em 2.377 instituições de ensino superior públicas e
privadas. Do total de 6.379.299 matrículas, 57,0% são femininas e, entre os
concluintes, a participação feminina é de 60,9%.
Apesar da presença
expressiva de mulheres nas universidades, associada a uma mudança cultural que vem ocorrendo ao longo dos anos, em que a
mulher tem deixado o espaço doméstico e ocupado o espaço público, a invisibilidade feminina ainda se faz presente quando percebemos
que mesmo nos cursos majoritariamente ocupados
por mulheres, muitos homens acabam se mantendo nos cargos de direção de centros
acadêmicos, comissões de trote, etc.
Um grande desafio é
superar o machismo existente nas universidades que dificulta a participação das
mulheres nos espaços de representação, e que expõe às estudantes a trotes machistas
,que afetam toda vida universitária das estudantes humilhadas e desmoralizadas
nestes trotes que devem ser repudiados em todas universidades. Todos os dias as mulheres sofrem as mais
diversas formas de agressão na universidade: agressões verbais, falta de
segurança e assédios por parte de professores e funcionários. O mesmo machismo
expulsa de moradias estudantis, estudantes grávidas, interrompendo a conclusão dos estudos dessas mulheres.
Há de se considerar também que a escolaridade tem sido um
diferencial competitivo de inserção no mercado de trabalho, o que tem elevado
cada vez mais a busca pelo ensino superior, fazendo com que muitas estudantes
dividam-se em dupla jornada: estudante e trabalhadora, e até mesmo tripla
jornada, quando essas estudantes trabalhadoras ainda têm responsabilidades
domésticas e com filhos, logo, acumulam no seu cotidiano responsabilidades e
exigência de tempo e dedicação ao trabalho, à educação e aos filhos.
Para uma participação efetiva das mulheres nas
universidades são necessárias políticas institucionais que coíbam atitudes
machistas contra estudantes e que garantam a segurança das mulheres nos campi e
políticas de assistência estudantil, como creches, que viabilizem a permanência
das estudantes na universidade.
A luta das mulheres, sejam elas estudantes ou não, é
também uma luta pelo socialismo e contra o capitalismo que sustenta o machismo
que desqualifica as mulheres, naturaliza as desigualdades entre homens e mulheres,
e se beneficia com a superexploração da mulher nos espaços públicos e privados,
dificultando a emancipação feminina.
Camila Mattos é integrante do Movimento Olga Benário de São Paulo
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