24.10.12

A Presença Feminina nas Universidades Brasileiras


As universidades, instituições criadas  no século XIII proibiam a participação das mulheres, o acesso ao ensino superior era, então, um privilégio masculino. No Brasil, o ensino superior feminino só teve inicio no final do século XIX, e a participação expressiva das mulheres no ensino universitário no país começou na década de 70 com a expansão das universidades, que só foi possível com o ingresso da mulheres nas universidades. O direito à educação e acesso ao ensino superior foi uma longa batalha, vencida depois de muito tempo e de muita dificuldade enfrentada por mulheres organizadas para lutar por seus direitos. Atualmente, os desafios são outros.
Segundo o Censo 2010 do Ensino Superior do Ministério da Educação, o Brasil tem 6,5 milhões de universitários, sendo 6,3 milhões em cursos de graduação e 173 mil na pós-graduação, 29.507 estão matriculados em cursos de graduação presenciais e a distância, distribuídos em 2.377 instituições de ensino superior públicas e privadas. Do total de 6.379.299 matrículas, 57,0% são femininas e, entre os concluintes, a participação feminina é de 60,9%.
Apesar da presença expressiva de mulheres nas universidades, associada a uma mudança cultural que vem ocorrendo ao longo dos anos, em que a mulher tem deixado o espaço doméstico e ocupado o espaço público, a invisibilidade feminina ainda se faz presente quando percebemos que mesmo nos cursos majoritariamente ocupados por mulheres, muitos homens acabam se mantendo nos cargos de direção de centros acadêmicos, comissões de trote, etc.
Um grande desafio é superar o machismo existente nas universidades que dificulta a participação das mulheres nos espaços de representação, e que expõe às estudantes a trotes machistas ,que afetam toda vida universitária das estudantes humilhadas e desmoralizadas nestes trotes que devem ser repudiados em todas universidades. Todos os dias as mulheres sofrem as mais diversas formas de agressão na universidade: agressões verbais, falta de segurança e assédios por parte de professores e funcionários. O mesmo machismo expulsa de moradias estudantis, estudantes grávidas, interrompendo  a conclusão dos estudos dessas mulheres.
Há de se considerar também que a escolaridade tem sido um diferencial competitivo de inserção no mercado de trabalho, o que tem elevado cada vez mais a busca pelo ensino superior, fazendo com que muitas estudantes dividam-se em dupla jornada: estudante e trabalhadora, e até mesmo tripla jornada, quando essas estudantes trabalhadoras ainda têm responsabilidades domésticas e com filhos, logo, acumulam no seu cotidiano responsabilidades e exigência de tempo e dedicação ao trabalho, à educação e aos filhos.
Para uma participação efetiva das mulheres nas universidades são necessárias políticas institucionais que coíbam atitudes machistas contra estudantes e que garantam a segurança das mulheres nos campi e políticas de assistência estudantil, como creches, que viabilizem a permanência das estudantes na universidade.
A luta das mulheres, sejam elas estudantes ou não, é também uma luta pelo socialismo e contra o capitalismo que sustenta o machismo que desqualifica as mulheres, naturaliza as desigualdades entre homens e mulheres, e se beneficia com a superexploração da mulher nos espaços públicos e privados, dificultando a emancipação feminina.

Camila Mattos  é integrante do Movimento Olga Benário de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário